se me desses música e amor
abraços de pelo menos 20 segundos
e beijos de pelo menos seis segundos
certamente me libertarias da dor
das torturas e dos espancamentos que sofri
e para sempre seria só felicidade em mim
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
se me desses música e amor
abraços de pelo menos 20 segundos
e beijos de pelo menos seis segundos
certamente me libertarias da dor
das torturas e dos espancamentos que sofri
e para sempre seria só felicidade em mim
Sabes porque é que insistia tanto que ficasses bem e fosses feliz? Porque eu sabia que eu não podia e queria muito que ao menos quem eu amava fosse.
Num mundo em que todos têm opinião, falta silêncio e coração.
Amei alguém chamado Rui durante mais de uma década e só hoje me apercebi do seu nome para variações, como rui do verbo ruir, mais as palavras ruína e ruindade. Achei engraçado. Foi o tipo que eu amei por mais tempo e mais um bocado.
Quando me forcei pela primeira vez a abandonar-te, custou-me tanto porque tu eras como uma droga de que eu necessitava para viver e da qual eu tinha de me conseguir livrar. Eu amava-te tanto que tu eras a razão pela qual eu queria estar viva, só para te poder ver e estar contigo mais uma vez. Fiz de ti o meu mundo e tu trataste bem cedo de me abandonar. Eu quis sair desde o início também daquilo que eu já sabia que me ia destruir de tanto tirar de mim.
Sabotar-me em todas as relações que tive de mais fortes, parece ter sido uma constante. Certamente deve-se à autoimunidade, a falta de autoestima e trauma de abandono. Tenho em crer que finalmente estou tão ciente de tudo que até se quisesse, pela primeira vez, eu estaria em condições de ter uma relação com alguém sem que eu acabasse por me sabotar.
É bonito isso. Todo o caminho ultrapassado e entendido. Acho mesmo que nunca mais vai acontecer nada tão terrível quanto me aconteceu em termos de relacionar-me com alguém num nível mais próximo. Se alguma vez conseguir voltar a ter vontade de falar e lidar com alguém do sexo oposto de novo, deve demorar até confiar, mas ao menos já sei exactamente como é que costumo sentir-me verdadeiramente. Abrir-se a alguém só para depois a pessoa abandonar a relação e eu ficar completamente mal, é que nunca mais me pode acontecer esse erro.
Não estaria apaixonada por ti se não tivesse esta ânsia de te ver todos os dias, por estares tão longe de mim. Hoje foi a primeira vez que nos pus lado a lado numa imagem para ver como ficávamos e até achei que afinal não ficávamos mal juntos e que existe uma espécie de semblante nosso igual, uma meninice semelhante e uma luz similar no olhar. Tenho saudades tuas.
Algo que me faz feliz é saber que nunca me irás tocar, pois depois de tudo o que me fizeste não mereces nada de mim, nem um fio de cabelo, do meu cabelo branco, sim, branco, seu perfeito idiota que se espanta com cabelos brancos.
Amo-te como chama eterna enquanto o mundo inteiro arde.
O homem por quem eu me apaixonei um dia era forte, determinado, caridoso, carinhoso, sensível, inteligente, bondoso, elegante, versado, atencioso... Pena que afinal ele nunca existiu e era apenas um engodo. Os homens fazem destas coisas para atrair todo o mundo e depois é que revelam que afinal não são nada daquilo que se faziam. Apenas actores. Mas ninguém sustém uma mentira a vida toda.
Às vezes, dou por mim a querer ser uma pessoa como as outras, uma mulher como as outras por tua causa, que já foi a brunches, sunsets, ginásios, entrou em aplicações de relacionamentos, enviou nudes, vai ao cabeleireiro para cortar o cabelo e fazer manicure e pedicure. Mas eu nunca fui assim. Nunca pertenci a este mundo. Nunca fui pessoa para ti. Tu nunca gostarias de mim, pois gostaste sempre do oposto que eu considero falso e ridículo. E está tudo bem, porque acho que teria francamente vontade de me imolar se assim fosse tão ajustada a esse mundo de carneirada materialista, superficial, de podridão e nojice, que não questiona nada e contribui para o dinheiro sujo. Eu também nunca gostei de ti.
Acho interessante constatar ainda com interesse o comportamento do ser humano quando tirado do seu "habitat natural". Como a pessoa com mais confiança e à-vontade se transforma em mais tímida e hesitante, como se põe no entanto a forçar ser o mesmo, como se agarra ao familiar, como esconde a sua natural empáfia. Afinal, é quando se sente mais inseguro que é mais si mesmo. O que é estranho e contraditório, para o que se poderia pensar. Dá para ver como se inventa tudo, como tudo pode ser criado no momento consoante a necessidade, como se faz coisas que até o diabo duvida. O que afinal até já torna mais credível a história de que até o showman mais à-vontade do mundo pode ir a correr a esconder-se debaixo de uma mesa se houver alguma situação pior para ele em termos de controlo. Claro que isto é certamente um exemplo exagerado em termos de ilustração, acho eu, até porque com alguém tão experiente também se dá aquele caso do "quem sabe, faz ao vivo".
"it's all just a show", já dizia a Beth.
Porque é independente do que a pessoa te faz. Por exemplo, mesmo com a pessoa a fazer-te muito mal, tratando-te pessimamente, tu ainda a amas a ela como indivíduo que é. Ou seja, também não é porque ela te tratou bem que passaste a amá-la. Muitas vezes amamos pessoas com quem nunca lidamos, falámos, ou sequer teremos qualquer contacto, simplesmente porque as admiramos como elas são.
Foi por isso que amei toda a gente que amei, porque me apaixonei por quem eram. Só isso. Já que a mim ninguém me pôde amar, pois tudo o que conheceram de mim acabaram por detestar.
Se tu não sentes que eu sou tua, como eu sinto que tu és meu, mais do que as marés pertencem ao oceano, então foi tudo uma completa ilusão que a neblina fez no meu vazio coração.
Se eu não vos tivesse conhecido, não tinha sentido o que era a existência de um amor tamanho por tanto mundo ao mesmo tempo; experienciado e descoberto o que era esse amor universal tão raro de se saber e tão intenso.
Deixar-te ir, como se larga uma flor no rio.
Tentei, mais uma vez libertar-me de ti. Desta, ao som de Cornfield Chase do Hans Zimmer, porque a Aurora disse que era uma música que lhe significava libertação. Tal é a minha ingenuidade e desespero. Assim que comecei a ouvir e lembrei de Interstellar, pensei que era para me libertar de ti, mas logo percebi que era para eu te libertar de dentro de mim, deixar-te ir, largar desse amor e foi aí que me bateu o óbvio: eu amo-te, logo não dá para de repente, acabar com isso só porque digo e, ao que parece, quero.
Da outra vez, quem fez para que houvesse uma cisão conseguiu fazê-lo, mas não tirou de mim o sentimento antigo, inteiro e que parece atemporal. Um dia talvez eu entenda que a tua inexistência é de tal modo real e permanente, fruto da mente doente, que se quebre essa espécie de feitiço. Até lá, a lua que enche de novo não me libertou ainda.
Todos os meus otovermes são por tua causa, canções tão mais agridoces agora.
Estive apaixonada por ti e só por ti, completamente a amar-te a cada segundo, nestes mais de três anos. Dizem que depois de três anos é suposto já não se sentir tanto e até esquecer-se o tanto que foi.
Para mim nunca tem fim, o martírio que é amar tanto assim alguém que não existe e que não é só meu. Mas tu tens algo. Algo de meu.
Nós somos tão frágeis e ainda assim destruímo-nos uns aos outros mais, devastando todo o respeito, a honra e a dignidade que poderíamos ter.
Há seres humanos que nunca souberam o que é amar o outro de verdade, sem outros interesses. Aprenderam que para receber têm de dar e que só dando poderão receber. Muitos desenvolveram-se então de modo a não precisarem de nada, para não terem de dar e concentraram-se só neles. Também nunca chegaram a saber nem a sentir a divina sensação do amor, sem qualquer espécie de conflito.
Anda o mundo inteiro num jogo de poder e com o amor fizeram o mesmo. Incapazes de sentir um amor puro, contentaram-se com o que sempre lhes foi seguro.