sexta-feira, dezembro 05, 2025

Etéreos

 Habitamos o éter
Somos um intervalo
Preenchemos o vazio
Entre a matéria escura
Que raia o cosmos

Somos seres etéreos
Alguns de nós 
Chegamos a flutuar 
Na nuvens velejantes
De um horizonte estrelado

Tens um tom magoado 
Eu sei, porque foste roubado 
Por mim quando enlouqueci 
Momentaneamente 
Por ti
E capturei o teu coração 

Irmão da dor, paixão 
Estamos órfãos da ternura
Ela não é a minha outra sobrinha 
Ela foi-se embora e pouco sobrou
Mas hoje o cordão vibrou

terça-feira, dezembro 02, 2025

 Os amantes crucificados não devem nada ao passado
E os meus óculos têm tendência para descair mas eu resisto a olhar sobre eles.

Boa noite, durmam bem

 Rasgar o peito 

Todos os dias 

Deitada no leito

Pensando em vidas

Que não vivi

Que deixei irem

Que quero tanto dizer

Aos meus amores 

Que não mais vi

Que estou sempre 

A pensar em vocês

DGP, os três ❤️

Um amor distante sem fim

 Ainda hoje guardei as tuas fotografias. 
Vejo-te de novo e toda a tua psicose e, ainda assim, é a ti que eu amo.
Nada pode extinguir este fogo.
Talvez um dia, se vieres lá de longe, se houver finalmente a nossa elevação, possamos raiar aquela supernova de proximidade e contê-la num abraço mortal. Até lá o fogo não acaba. É fogo que Prometeu roubou e não devolveu; quem tem pago o preço, em todos os órgãos, sou eu.

Será que sabes que ouvi de madrugada, há anos, aquela canção a pensar em ti com os olhos marejados constatando que o meu coração não vale nada? Abri-o ali às janelas de todos. Foi um acaso displicente. Sofri como uma condenada por ter caído numa paixão armadilhada, neguei, lutei, contra mim mesma perdi.

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Que tonta!

Só restou vergonha, pelas figuras tristes todas que fiz, toda tonta por um amor inexistente. #mortificadaadaeternum🤦🏽

Porque é que o amor nos tira a racionalidade? Para nos marcar e nunca mais esquecermos que amámos desenfreadamente alguém nesta vida. Deve ser, deve 🤦🏽🤦🏽🤡


(mds, cmo eu te amei!)

 Não é por não vos ver que vos vou esquecer, infelizmente, até parece que é contraproducente, precisamente. 

A morte em Pessoa

 O Pessoa que se fod@, pronto!
Ia republicar o meu Chaplin-Pessoa a ler o A morte é a curva da estrada, até cheguei a fazê-lo mas apaguei. 
Foi o meu poeta favorito em tempos, durante muito tempo, em que eu tinha poeta favorito. 

Hoje dei por mim a pensar que até Pessoa ele estragou-me.
Pensei agora mesmo, entretanto, no início desde escrito, que Pessoa era um covarde e que bebia que nem um texugo. Eu, ao menos, resisti a essas coisas: não fui completamente cobarde, pelo contrário, até cheguei a declarar a minha paixão assim que a reconheci com certeza e a admiti. Demorou, fez muita porcaria, deu muita mossa, mas eu não fui cobarde como Pessoa. Amei desabridamente, mas é, e fiz, como dizia Camões, que os amores devem ser clamados. 
Eu disse muito a cada um deles. Embora não tenha dito nem um milionésimo do que escrevi por causa deles. Dele, mais. 
Mas, ora, (onde é que nós íamos?) que se fod@ Pessoa, é isso. Temos pena. Ou sei lá. Nada importa nem vale a pena. 

domingo, novembro 30, 2025

"é o que temos para hoje*" e para sempre (a tristeza infinita)

 Há algo que devias saber sobre mim: eu sofro de uma dependência emocional de três pessoas que são as que mais amo desde o tempo da pandemia e que, como é um meu amor doente, segundo eles, impossível e ausente, tenho de fazer das tripas coração já quase desde o início do caos para me afastar e não dizer nada, porque senão posso incorrer numa enchente. Eles sabem e, provavelmente também por isso e como fiz mesmo para os afastar, mantêm-se longe sem me dizerem nada há anos, por iniciativa própria, eles nem se lembram de mim, nem se lembram quando eu nasci, nem me amam minimamente, e está tudo óptimo e é melhor assim porque cada um deles pode viver muito mais contente. 

O que eles não sabem é que eu estou melhor a segurar-me, mas o sentimento continua igualzinho, por ela e por eles os dois, para não precisar um deles que nem posso pensar sequer.

*méli dixit

sábado, novembro 29, 2025

Vete

 O fogo 
Guarda tu
Vai-te
Leva contigo 
O sopro
Eu fico
Respirando
Pouco 
Mas o suficiente 
Para não ter mais 
Perigo 

Um amor novo

 Precisavas era de um amor novo. Mas os antigos não acabam num estalar de dedos. Deixa lá, que com o tempo passam os enredos e desaparecem os fantasmas. Tens de ver que mesmo havendo quem diz que te ama e que vai cuidar de ti, provavelmente só querem fazer-te a cama e não te conhecendo bem tanto podias ser tu como outra mais além. 

Precisas de alguém que fique, ou que te leve e nunca mais te largue. É só. Que tu possas amar até ao fim. Para sempre.

Um amor pacífico

 Eu queria ter o meu amor pacífico 
Como tive um dia essa bonança 
Um amor que era a minha pessoa 
Como eu era a dele sempre 
E mesmo longe não havia dia
Que ele não me falaria 
Mesmo sem falarmos sequer 
Era uma tal alegria voltar
Quando estávamos de novo
E a paixão retornava em tsunami
Mas tranquilo para nos banhar

Eu queria ter o meu amor pacífico 
Que me tivesse como mulher da sua vida
Como alguém me disse uma vez 
E eu não pude mais acreditar 
Talvez já seja tarde para mim
E afinal eu não tenha sido feita para isso
Mesmo que todos me digam que sim

Eu queria ter o meu amor pacífico 
Mas parece que não há amor possível 
Pois eu continuo agarrada a um fantasma
Que pôs fim às nossas vidas 
Mais à minha concretamente 
Já que ele vive sempre contente 
Especialmente com a minha despedida 

Este amor devastador

 Este amor devastador 
Que me matou 
Não tem fim
Ele deixou-me aqui
Para penar sem ele
E de repente morrer
Tudo novamente 
Com a memória 
A inundar-me 
Eu só queria 
Que tivesse sido 
Tudo verdade 
E que o que sinto
Fosse suficiente 
Para não me matar
Com a realidade 

sexta-feira, novembro 28, 2025

O caçador de sombras

Tu foste o meu caçador, quando sombras me habitavam e se entranhavam no meu ser. 
Alimentaste delas como os abutres da carniça mortiça. Tu foste o meu caçador e diligentemente, a todo o instante, montaste armadilhas, venceste-me nas trilhas espalhando os teus minions para me apanhar. Eles espiam-me até hoje. Volta e meia tu assombras-me, e eu embora esteja mais curada das minhas sombras, tu vens como vento repentino que suspira na minha mente uma esquecida canção de piseiro do meu coração, cheia de repentes e contradição. 
Eu caio de novo no redemoinho tortuoso da vibração e não durmo porque volto a absorver um bocado da tensão, mas agora sei que ela não é minha para eu ter de a suportar. Mas quem lhe diz, até às dez da manhã? Chego a desejar-te de surdina sorte e que vai tudo correr bem, como sempre correu. Talvez ainda não tenha aprendido a lição. Talvez ainda não tenha esquecido que um dia foste meu irmão. E também que depois caí em aflição, qual vítima ignorando o síndrome de Estocolmo, mergulhada no tormento da paixão. 
Tu és o meu caçador, ainda, rodeando-me quando a lua enche e quando o silêncio é mais alto. Eu sou o fogo que ardeu até cinzas, sopradas pelo teu furacão. Estiveste armado até aos dentes, a tua matilha era grande, usaste todo o teu arsenal para me matar e antes dilaceraste-me com dentes certinhos e brilhantes num enorme sorriso, seguido de gargalhadas estridentes. 
Eu não sobrevivi. A minha luz apagada sim. 

segunda-feira, novembro 24, 2025

Monção*

 A monção não desabrocha as flores
Senão talvez no deserto 
Assim como quando são sequiosos 
Todos os nossos amores
Não se importam com nosso alagamento 
Pois são terreno fértil à espera dele
Para nos acolher pertencendo
Há poucas pessoas assim 
Que têm arcabouço para tanto
Mesmo quando já tinham amor de todos
Sabem que o amor verdadeiro é raro
E nunca é demais, pelo contrário 
Pareceu-me que F. era assim
Será que fomos mesmo cobardes
Ou apenas nobres cavalheiros 
Que põem o bem dos outros à frente? 
Prefiro acreditar que sim
Que é para não me fazer mais descontente 
Era uma vez um conto de rua
Um mural, dois amigos-irmãos, uma lua
Antes de chegar a enxurrada
Despedimo-nos com a ilusão do reencontro 
Que nunca mais chegou a acontecer 
Porque as águas quando vêm de novo
Nunca são exactamente as mesmas 
E não sabemos para onde vão correr 

*prefiro a palavra em inglês, monsoon, pq em pt faz lembrar moção 🤷🏽

 

• tentei de tudo, mas não funcionou. nem a minha própria autosabotagem, nem ter feito de propósito pra irem às suas vidas, nem o lado mais monstruoso, nada, rigorosamente nada conseguiu exterminar o sentimento tão imenso e profundo. eu desisto. (quiçá agora funciona 🥴🤣🤦🏽q nada, acho q já disse isto d outras vezes e tb n saiu de mim este amor todo por todo, até os que me fizeram mal e os que me detestaram depois🤷🏽nada a fazer, é o que é, o que temos pra hj e pra arrependimento pro resto dos dias, 'parabéns, mto ruim', tyvm) 

#mondayblues #lost #easytolove #lullabyyourselfintosleep #goodnight #notfeelingveryjazzy #sad #hopeless #notgoodatsurrendering #reels #lucubration #shadow

(post q haveria d pôr hj c música jazzy Easy to love)

domingo, novembro 23, 2025

Dos arrependimentos

 Pensa muito bem antes de fazer o que quer que seja, como sempre fizeste antes de ficar tudo doido e torto na pandemia. Porque nunca mais podes dar-te ao luxo de fazer algo de que te arrependas para o resto dos teus dias. 

Continua o estado de inacção, como antigamente, prioritariamente, pois vives com mais uma coisa que deixaste de fazer, mas não uma só que fizeste e te arrependeste. Mesmo que tenha sido impensado. 

(é claro que, em pormenor, depende do que fazes e do que não fazes)

Nunca mais traias o teu coração

 Pensava eu que nunca o tinha traído, até entender que às vezes, em determinados momentos, o próprio coração não é confundido ou entra em conflito. 

Espírito

 Sinto que me foram matando
O espírito 
Primeiro ela
Depois todos eles
Que me tentaram calar
Que me fizeram sentir errada
Que me tornaram revoltada
Que me chamaram de demasiado:
Que eu sei demasiado 
Que eu sinto demasiado 
Que eu falo demasiado 
Que eu me preocupo demasiado 
Que eu cuido demasiado 
Que eu amo demasiado 
(acho que pus aqui o título errado)

Eles quebraram-me
Eu concordei e me apaguei
Como todas as mulheres fizeram 
Eles entraram-me na cabeça 
E me cercearam
Minaram a minha autoestima 
Dilaceraram-me
Não ser amada por quem devíamos 
É o começo para sermos nada

(tlvz o título fosse melhor "(Demasiado) Espírito")

sábado, novembro 22, 2025

Incêndio

 "O mesmo incêndio que consome é o que ilumina o caminho." - Luna Di

Eu não quero mais arder, entrar em combustão só por ver e acabar em cinza no chão. 

sexta-feira, novembro 21, 2025

 Nem quaisquer deuses jamais souberam.

Fotojornalismo

 Uma visão clara
Um olhar focado
Uma memória de um povo
Um ofício arriscado

Uma edição rara
Um momento no tempo 
Anunciar o novo
Partir na chegada

resumo do estado da coisa

 A sensação que eu tenho é de que durante a pandemia estava um zombie com os lutos e os piores pesadelos todos a concretizarem-se e, depois, com a confusão colectiva toda em que me deixei que me arrastassem, enlouqueci, fiz muito mal também a alguém e a mim, tentei recuperar das razias, enquanto toda a gente morreu toda a hora outra vez e agora já não sei mais o que raio fazer, especialmente perante todas as barbaridades monstruosas a acontecer. 

 Eu sou pelo amor livre... de mim 😅🤦🏽🤷🏽

(qq pessoa fica melhor sem mim, certamente, até provavelmente eu 😅🤦🏽☠️)

Dois dias de Gabriel

 Gabriel em "Far from the maddening crowd'" , Gabriel feito de anjo pelo Keanu Reeves em "Anjo da Sorte", uma mãe a chamar um menino Gabriel, priminho Gabriel Caetano sms e o anjo Gabriel na Anunciação de Da Vinci. 


(Ao menos não é várias vezes ao dia, quase todos os dias, como o outro nome, embora em menor quantidade ultimamente. 🤦🏽💔)

quinta-feira, novembro 20, 2025

O sublime divino

 O sublime divino encontrei raras vezes 
Quase sempre na Natureza 
Como nas obras de Da Vinci
Mas também em ti 
Algumas vezes 
Num êxtase que jamais senti
Como uma criança 
Que vê pela primeira vez
A neve a cair