Foi só porque ele cantava bonito. Porque a voz dele enxugava o meu pranto e me fazia sobreviver mais um dia.
Esse foi o artista amor da minha vida. Pena que ele nunca existiu mesmo.
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
Foi só porque ele cantava bonito. Porque a voz dele enxugava o meu pranto e me fazia sobreviver mais um dia.
Esse foi o artista amor da minha vida. Pena que ele nunca existiu mesmo.
O Daily Battles tocado pelo Wynton Marsalis aquando do crematório e o Song to the Siren do Tim Buckley ao me espalharem as cinzas em alto-mar.
... tomado melhor conta de ti, embora ninguém seja para se tomar conta de alguém. porque se destruiu algo de tão belo e precioso, tornou-se irreparável, pois é preciso dois para dialogar e eu depois do meu monumental esforço final de monólogo vão, calei-me para todo-o-sempre.
descansamos agora, o que foi tanto de nós, à sombra dos girassóis.
O amor é mais intenso quando foi difícil, conturbado, isso fez com que se aumente naturalmente para lutar contra as impossibilidades. Já o amor que dá certo, depois se formos a ver no todo da vida quem mais fortemente se amou até se esbodegar todo, foi esse outro e não o que deu certo e com quem se ficou. Será que dá então para dizer que com quem se casou e ficou foi mesmo quem mais se amou na vida? Pois... Enfim... As pessoas forçam coaro, conformando-se e acreditando que sim, que além de todos os outros estarem esquecidos, a pessoa com quem se casou e ficou é que foi o grande amor das suas vidas. São perspectivas, vá. Pode ser que seja o maior em duração se for sempre real e honesto, e isso já é muitíssimo.
Até nisso tudo o amor é estúpido.
Já ninguém se olha nos olhos.
(e eu tenho saudades de te ver os olhos)
Não existe alma-gémea. Essa é que é essa. Foram estórias baseadas em Platonices. Devias encontrar alguém diferente de ti para te complementar naquilo que tu não necessitas de ser; com quem te desses bem e com quem conseguisses ter uma amizade, boas conversas, mas que tem filosofias de vida e valores universais inabaláveis semelhantes; que deseja ter uma vida parecida e que queira permanecer uma vida contigo em total parceria, porque te acha a pessoa mais especial que já conheceu e que alguma vez poderá conhecer para si mesmo.
Uma relação baseada em completa honestidade, transparência, respeito, formando-se um amor inequívoco, é assim construída com a certeza. É preciso escolher e comprometer-se, sentindo uma certitude absoluta também, de que a pessoa não está errada para ti. Se houver uma dúvida que seja, é porque não está mesmo certa e falta algo necessário para tudo fazer sentido naturalmente. Assim, deveria ser uma relação boa e com paz nas sociedades em que vivemos.
O único lugar a que eu pertenço é no silêncio dos silêncios. Talvez um dia ouvirei então o bater do teu coração.
O Tempo é feito de cristais gélidos que vibram frenéticos e nunca os vemos.
A nossa relação foi tão tortuosa e horrível em muitos momentos, aqueles mortais em que senti praguejares-me, desejares-me a morte, rebentares com tudo de mim e não estares nem aí. Condenação maldita com uma maldade e crueldade infindas. Só faltou vires pessoalmente espetares-me directo no coração essa ponta afiada da lua crescente 🌒
Quando eu pensei que tu me amavas, pensei que estavas maluco e quando tu pensaste que eu te amava, tu pensaste que eu estava maluca.
Ninguém realmente de nós quis acreditar, não é? Como é que era possível? Alguém como tu. Alguém como eu. Então.
Nunca me vi em tal situação.
E que maluquice que rebentou tudo com tudo, a minha, mas a tua, era a nossa.
Quando é que aprendemos que éramos a mesma porcaria?
Como é que alguém que queria viajar pelo Mundo, acabou fechada num quarto num inferno diário, perguntar-se-ia. É só me terem dado cabo da saúde muito cedo, a partir daí tudo se inviabilizou. É por essas e outras que abomino ver pessoas idiotas a darem cabo da própria saúde deliberadamente.
Para quem não acredita em nada, ter entregue as coisas ao destino foi só desistir e entregar as armas à exaustão. Porque é que me esqueci que esta vida já era? Porque tive lapsos de memória coincidentes, claro está, com o re-despertar de mais alguma esperança vã. "Acontece aos melhores", vá.
De novo, Sábado de noite, e oiço ao longe um coro festivo intermitente de Ehhhhh; penso em Gaza; antes pensei em como estás com ela, já não sei a quantas anda nem quanto já foi de tempo, já há muito que não quero saber; envergonhas-me com tudo o que fizeste e eu tão enganada, meu mal.
A anjinha tomou um balázio nos cornos - mais propriamente na fronte direita -, a bala atravessou limpinha e direitinha, a parede esburacou.
Estava aqui a pensar com os meus botões e tive de vir para aqui premir estes botões para registar que eu não me lembro de alguma vez ter sentido tédio ou solidão - senão quando estava com pessoas - e até que me intrigou agora: como será mesmo sentir isso sem ser quando se está com pessoas?
Estou aqui fechado num quarto há mais de 10 anos doente e todas as pessoas que me abandonaram e que tinham condições para saber de mim, querer estar comigo, levar-me num passeio sequer, nunca quiseram saber. Por isso é natural que eu não suporte toda essa gente e não queira nem falar com essa gente horrível que só me fez sofrer.
Nem eu mando nos meus sentimentos e querias tu mandar neles?
Os doutrinados, seja do que for, são aterradores. Até mesmo os da paz e do amor.
" Eu estava preparada para deixar este mundo e ir contigo, se eu soubesse que assim podia ficar contigo para sempre."
Anzu (tiveram de esperar tantos anos)
Quando desisti do amor romântico há uma década atrás, foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Dez anos sem amor foi o melhor que me aconteceu, por incrível que pareça. Espero nunca me esquecer disso e não cair de novo nessas armadilhas.
Antes de me cruzar contigo, não sabia que era tão ingénua e que o mundo era tão interesseiro e que toda a gente só queria era fama. E eu, que permanecia cheia de gentileza e pequenas delicadezas, para mim habituais desde bebé - contam as lendas -, era motivo de chacota por tal e também por algumas vezes na vida me mantiveram como a minoria exótica de estimação, como fazem os ricos.
Sabes, é que eu via as pessoas no que elas tinham de mais bonito e honesto: as suas empatias e vulnerabilidades, entendendo muitas vezes o que as causavam. Mas a maldade, a ignorância, o ódio, a inveja, o desprezo e a estupidez humana que nunca tem limites, escaparam-me ao olho nu por esperança de que as pessoas pensassem e também por causa do amor que pensei que existisse dentro delas.
A minha ingenuidade foi o que mais lições me deu ao vê-la agredida volta e meia. A mais dura lição que me trouxe foi a de que todas as pessoas são ilusões e quase ninguém muda para melhor.
Tal como a Humanidade tem todo o tipo de rostos, também a desumanidade não tem um só rosto. Todos são espelhos uns dos outros. Vis, cruéis, tenebrosamente imbuídos de barbárie e putrefação. A desumanidade é o verdadeiro pináculo da civilização.